Monaco Journal - Governo da Colômbia admite que política de paz "não deu certo"

Governo da Colômbia admite que política de paz "não deu certo"
Governo da Colômbia admite que política de paz "não deu certo" / foto: Schneyder Mendoza - AFP

Governo da Colômbia admite que política de paz "não deu certo"

O ministro colombiano do Interior admitiu nesta sexta-feira (25) que a política de paz do governo "não deu certo", em um contexto de negociações rompidas ou estagnadas com a maioria dos grupos armados e quadrilhas de narcotraficantes.

Tamanho do texto:

O governo do presidente de esquerda, Gustavo Petro, iniciou diálogos com as maiores guerrilhas e grupos armados ilegais para resolver o conflito interno, mas a pouco mais de um ano de deixar o poder, apenas um punhado de processos segue ativo com os grupos menos poderosos.

"Foi elaborado um plano de paz total que, vamos dizer a verdade, não deu certo", reconheceu o ministro do Interior, Armando Benedetti, em uma cúpula de governadores na cidade de Yopal (leste).

O governo está em diálogo apenas com duas das cinco dissidências da extinta guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que assinou a paz em 2016, e com um pequeno frente do Exército de Libertação Nacional (ELN).

Não conseguiu avançar nas negociações com o grosso do ELN, com o cartel do Clã do Golfo nem com o Estado-Maior Central, a maior dissidência das Farc, liderada por "Iván Mordisco", o criminoso mais procurado do país.

Benedetti tentou convencer os governadores, muitos deles fortes críticos do governo, de que as ações ofensivas da força pública não são a única saída para o conflito e os instou a priorizar o investimento em projetos sociais.

Também insistiu na necessidade de que o Estado compre dos camponeses da conflituosa região do Catatumbo, na fronteira com a Venezuela, suas colheitas de folha de coca, evitando assim que caiam nas mãos dos grupos narcotraficantes que a processam e exportam.

Sob a bandeira de uma política de "paz total", Petro chegou ao poder em agosto de 2022 com o objetivo de extinguir definitivamente o conflito armado interno, que não terminou com o desarmamento das Farc.

Mas em seu mandato os grupos armados se fortaleceram, segundo admitiu seu ministro da Defesa, o general Pedro Sánchez.

Cerca de 22 mil combatentes alimentam o conflito armado com o combustível da droga, segundo dados oficiais.

Em 2023, a Colômbia quebrou seu próprio recorde de produção de cocaína e de número de hectares cultivados com narcocultivos, de acordo com dados da ONU.

Apesar da ofensiva da força pública, que conta com o apoio dos Estados Unidos, o país continua sendo o maior produtor mundial dessa droga.

V.Colombo--MJ