Monaco Journal - Zelensky diz que Ucrânia respeitará trégua pascal de Putin, mas denuncia violações

Zelensky diz que Ucrânia respeitará trégua pascal de Putin, mas denuncia violações
Zelensky diz que Ucrânia respeitará trégua pascal de Putin, mas denuncia violações / foto: Sergey Bobok - AFP

Zelensky diz que Ucrânia respeitará trégua pascal de Putin, mas denuncia violações

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, assegurou, neste sábado (19), que suas tropas vão respeitar o cessar-fogo proposto por seu contraparte russo, Vladimir Putin, por ocasião da Páscoa, uma trégua que representaria a suspensão dos combates mais importante em mais de três anos de conflito.

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Putin ordenou o cessar-fogo na Ucrânia até a meia-noite de domingo (18h em Brasília), mas poucas horas depois de a medida entrar em vigor, sirenes antiaéreas soaram na capital ucraniana e no leste do país. Zelensky acusou a Rússia de não suspender sua ofensiva.

Este anúncio ocorre em meio às pressões do presidente americano, Donald Trump, para pôr fim à guerra, iniciada em fevereiro de 2022 com a invasão russa da Ucrânia.

Na sexta-feira, Trump anunciou que irá abandonar as negociações se não houver progressos.

Putin ordenou a suspensão temporária de "todas as ações militares" por motivos "humanitários".

"Hoje, a partir das 18h (12 de Brasília) e até a meia-noite de domingo (18h de Brasília), a parte russa declara uma trégua de Páscoa", disse Putin durante uma reunião com o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Guerasimov, transmitida pela televisão.

"Partimos da base de que a parte ucraniana seguirá nosso exemplo, mas nossas tropas devem estar preparadas para resistir a possíveis violações da trégua e provocações por parte do inimigo, assim como ações agressivas", continuou.

Mais tarde, Zelensky informou no X que "se a Rússia está subitamente disposta a se comprometer realmente (...), a Ucrânia agirá de acordo, espelhando as ações da Rússia".

No entanto, o presidente ucraniano acusou Moscou de já ter descumprido sua promessa, enquanto sirenes antiaéreas soavam em Kiev e outras regiões da Ucrânia.

"As operações de ataque russas continuam em vários setores da linha de frente, e os disparos de artilharia russa não foram reduzidos", declarou Zelensky.

O presidente ucraniano assinalou que Putin rejeitou anteriormente uma proposta de cessar-fogo total e incondicional de 30 dias e instou a Rússia a prorrogar a trégua.

"Se realmente houver um cessar-fogo completo, a Ucrânia propõe prorrogá-lo para além do dia de Páscoa, em 20 de abril", declarou.

A Páscoa, uma data muito importante para os cristãos, é comemorada no domingo e este ano coincide com o calendário de católicos romanos e dos ortodoxos.

Outras tentativas de estabelecer uma trégua em datas importantes do calendário cristão, como na Páscoa de 2022 e no Natal ortodoxo de 2023, fracassaram até agora.

- "Nenhuma trégua" -

Depois que Putin anunciou a trégua, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrii Sibiga, declarou que a Ucrânia se concentrará "em fatos, não em palavras".

O governador da região de Kherson, no sul da Ucrânia, informou que foram registrados ataques de drones russos após o anúncio do cessar-fogo.

"Por volta das 18h" (12h de Brasília), um bombardeio russo com drones provocou um incêndio em um edifício e mais tarde outros três drones atacaram dois povoados. "Infelizmente, não constatamos nenhuma trégua", afirmou Oleksandr Prokudin.

Na cidade ucraniana de Kramatorsk, perto do front, alguns soldados ucranianos disseram à AFP que não confiam que a Rússia vá respeitar a trégua.

"É impossível acreditar em nenhum tipo de cessar-fogo de parte dessa gente", afirmou Dmitri, um soldado de 40 anos.

Na sexta-feira, a Rússia declarou o fim de uma moratória aos bombardeios contra infraestruturas energéticas na Ucrânia, depois de recriminações das duas partes de descumprimento do acordo.

Putin afirmou que a resposta ucraniana à trégua anunciada no sábado "vai mostrar a sinceridade do regime de Kiev, sua vontade e capacidade de respeitar os acordos, de participar do processo de negociações de paz destinados a eliminar as causas profundas da crise ucraniana".

Por outro lado, Rússia e Ucrânia trocaram, neste sábado, 246 prisioneiros de cada lado e 46 soldados feridos que precisavam de um tratamento de emergência. As trocas de prisioneiros são uma das últimas áreas de cooperação entre os dois países.

P.Caruso--MJ